Dá-me um Momento da sua Atenção?
Com «Spectacle, Attention, Counter-Memory», e logo depois com Techniques of the Observer, Jonathan Crary trouxe em 1989-90 para a ribalta académica o conceito de «atenção», demonstrando como o sujeito moderno foi articulado pelas tecnologias do olhar. Cauteloso, como seria de prever num historiador de arte, o seu programa de pesquisa, continuado em Suspensions of Perception, raras vezes vai além do início do século XX, apesar da relação quase simbiótica que estabelece com o «espectáculo» debordiano, bem como da notória relevância das suas análises para compreender a condição contemporânea. 24/7, livro-ensaio publicado em 2013, só parcialmente quebra este silêncio quanto às actuais tecnologias da atenção, embora nos dê algumas pistas. O mesmo pode dizer-se de outros autores que quiseram arriscar onde Crary tem sido menos loquaz. Cruzando essas referências, procuraremos nesta comunicação contribuir para tal tarefa, centrando-nos na ubiquidade dos ecrãs e pontualmente nalgumas abordagens artísticas que a demonstram.
Comunicação apresentada no Festival Post-Screen: Device, Medium and Concept. International Festival of Art, New Media and Cybercultures, Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, 29 de Novembro de 2014, organização do Centro de Investigação e Estudos em Belas-Artes. Publicado in Ana Vicente e Helena Ferreira (orgs.), Post-Screen: Device, Medium and Concept, Actas do International Festival of Art, New Media and Cybercultures, Lisboa, CIEBA-FBAUL, pp. 116-127.
A Dois Tempos
Característica-chave do imaginário da cibercultura, a ideia de simbiose entre máquina e humano tem as suas origens no universo da ficção científica. Apesar de contar com algumas décadas de história, é contudo relativamente recente: antecede-a a noção — mais simples — da máquina como algo autónomo, no limite dispensando a própria presença do humano. Concentrar-nos-emos, nesta comunicação, no percurso entre essas duas imagens, quer tomadas como topoi literários quer como elementos integrantes de uma cultura mais vasta.
Comunicação apresentada na conferência «Imagem e Pensamento (Lisboa, Auditório do Museu/Colecção Berardo, organização do Centro de Estudos de Comunicação e Linguagens e do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Univ. do Minho), a 6 de Dezembro de 2007.
in Moisés de Lemos Martins, José Bragança de Miranda, Madalena Oliveira e Jacinto Godinho (orgs.), Imagem e Pensamento, Coimbra, Grácio Editor, 2011, pp. 99-106.
Ler nas Entrelinhas
Desde há algum tempo, tem sido anunciada a iminência de uma versão 2.0 da World Wide Web. Juntamente com a expressão, encontramos toda uma constelação de práticas que supostamente lhe dão corpo. Dos simples modismos visuais à separação entre apresentação e conteúdo, dos feeds aos mashups, ao social bookmarking, às folksonomies e a formas de produção colaborativa como a Wikipedia, procura-se neste artigo não só identificar o que atravessa todos estes conceitos como também perceber o que os distingue — se há de todo alguma distinção — daquilo que Tim Berners-Lee originalmente ambicionava para a WWW.
Publicado na revista Mono, n.º 1 («MonoDisperso»), Porto, Editora da FBAUP, Junho de 2007.
Powered by WordPress | Fluxipress Theme