Reality Strikes Again
Sempre que às artes tecnológicas é aplicado o prefixo «ciber», é inegável a influência, em maior ou menor grau, do subgénero da literatura de ficção científica conhecido como «cyberpunk». No entanto, quer artistas quer críticos — conhecedores da história da arte mas dificilmente da história da ficção científica — atribuem-lhe uma autonomia que obviamente não possui, como se tivesse surgido ex nihilo e, suspenso num limbo, não possuísse quaisquer relações de «filiação» ou de «afinidade» literária.
Procurar-se-á nesta comunicação desfazer esse equívoco, enquadrando o cyberpunk no contexto mais alargado da história da ficção científica.
Comunicação apresentada nos Encontros de Arte e Comunicação (Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, organização do Centro de Estudos de Comunicação e Linguagens), a 3 de Junho de 2005, posteriormente publicado na Revista de Comunicação e Linguagens, n.º 37 («Arte e Comunicação»), Lisboa, Relógio d’Água.
O Terceiro Incluído
Ainda que não tenha havido estabilidade nas definições de humano ao longo da história da cultura ocidental, é pelo menos possível assinalar um elemento comum: a ideia de que o homem, eventualmente por possuir uma alma, surge como termo final de uma série cumulativa. Com a cibercultura, em particular devido à herança da ficção científica, o raciocínio é posto em causa com o aparecimento de categorias como a do andróide ou do cyborg. Neste texto é analisado o modo como um proeminente autor de ficção científica, Philip K. Dick, contribuiu para o estabelecimento desta perspectiva distinta.
Publicado na Revista de Comunicação e Linguagens, n.º 33 («Corpo, Técnica, Subjectividades»), Lisboa, Relógio d’Água, 2003.
Um Tabuleiro de Duas Faces
Embora apenas quatro títulos da obra de Philip K. Dick abordem o tema do acaso — Solar Lottery (escrito em 1954), The Man in the High Castle (1961), The Game Players of Titan (1963) e A Maze of Death (1968) –, este surge contudo associado, e de forma bastante coerente, a outros, como a oposição humano/inumano ou a dialéctica entre a percepção e a realidade, que são mais comummente referidos como dominantes no autor. A estratégia seguida neste artigo consiste, após uma sumária passagem pelas novelas acima referidas, na demonstração de como uma aparente dualidade no tratamento do acaso pode ser resolvida a partir do momento em que se assume uma perspectiva mais alargada do universo temático de Philip K. Dick.
Caleidoscópio, n.º 4 («Cultura de Jogos», org. por Luís Filipe Teixeira), Lisboa, Edições Universitárias Lusófonas, 2003.
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